25/10/2008

A Batalha da França


Chegando a termo a campanha dos Aliados na Noruega, Hitler lançou sua ofensiva para oeste, que deveria culminar com a evacuação da Força Expedicionária Britânica (BEF) de Dunquerque e com a queda da França.

A ofensiva foi iniciada com assaltos bem-sucedidos na Holanda e na Bélgica. Desembarques de tropas aéreas em Haia e Roterdã foram cronometrados para coincidir com ataques na fronteira oriental da Holanda, e essa combinação revelou-se altamente eficaz ao criar a confusão de que os alemães precisavam. As forças blindadas alemães abriram uma brecha ao sul e atravessaram rapidamente o país para se juntar às forças lançadas do ar em Roterdã, enquanto a luftwaffe mantinha uma pressão implacável. Cinco dias depois do assalto inicial, os holandeses capitularam.

A Bélgica seria a próxima a sentir os efeitos do tratamento da Blitzkrieg de Hitler. Aqui, novamente, o ataque alemão veio de terra e ar. Dois objetivos essenciais tinham que ser assegurados antes que a invasão principal pudesse ser desencadeada: a captura intactas, de duas pontes-chaves sobre o canal Albert e o silenciamento do poderoso forte belga em Eben Emael. Um ataque terrestre seria movido com lentidão suficiente para impedir os belgas de dinamitar as pontes e de fazer o melhor uso possível dos canhões de Eben Emael. Assim, pequenos destacamentos aéreos foram silenciosamente lançados do céu: as pontes foram garantidas e o forte, silenciado. As tropas alemães atravessaram o canal, penetrando a linha de defesa belga do outro lado. Duas divisões Panzer moveram-se rapidamente através da brecha criada desse modo, e logo as forças belgas estavam em retirada geral. As tropas britânicas e francesas estavam subindo para apoiá-las, quando, seguindo o brilhante Plano Manstein, o exército de Von Rundstedt, depois de efetuar a travessia das Ardenas, emergiu nas ribanceiras do Meuse. Essa manobra de surpresa pegou os Aliados desprevenidos. Não haviam imaginado que os alemães tentassem uma ofensiva de porte através das montanhas cobertas de mato das Ardenas, região difícil para tanques e veículos motorizados. Investindo contra os alemães, que atacavam ao norte, e mantendo uma forte concentração defensiva na Linha Maginot, ao sul, haviam deixado uma passagem fracamente defendida no extremo ocidental, incompleto da Linha Maginot - exatamente onde os alemães apareceram. Liderada pelo audacioso comandante General “Veloz Heinz” Guderian, a infantaria Panzer e os tanques, com apoio aéreo da Luftwaffe, logo se encontraram do outro lado do Meuse. Uma vez cruzado o rio, seu rápido avanço teria prosseguido sem reveses não fosse a repentina falta de nervos do Alto Comando alemão. Temendo um contragolpe aliado, deteve a marcha de Guderian até que a infantaria tivesse uma oportunidade de alcançá-lo, e só então lhe deu sinal verde. Suas divisões Panzer se estenderam para a frente, rumo á costa norte da França.
Essa manobra, os ingleses não demoraram a perceber, encurralaria suas forças entre alemães avançando de leste através da Bélgica, o exército de Rundstedt vindo do sul, os destacamentos Panzer de Guderian a oeste, e o Canal da Mancha ao norte. Guderian logo atingiu a costa norte, separando a BEF de Boulogne e Calais.

Tornava-se claro, agora, que as tropas britânicas teriam que ser evacuadas por mar, e quando o Exército belga se rendeu, a disputa estava decidida. O único porto de embarque ainda desimpedido era Dunquerque, e, ainda assim, ameaçado pelas divisões Panzer que se encontravam a apenas 16 km.

Se Hitler tivesse resolvido dar ordens nesse sentido, a BEF poderia ter sido aniquilada ou forçada a capitular nessa altura, mas por motivos que nunca ficaram claramente identificados, ele manteve distância e teve inicio a agora legendária evacuação de Dunquerque. Fustigada pelos constantes ataques da Luftwaffe, a frota de navios e barcos que zarpou da Inglaterra para participar da evacuação levou de volta 338.000 homens.

A relutância de Hitler em acabar com a BEF enquanto isso estava a seu alcance pode ter tido muitas causas, entre as quais, talvez, uma expectativa de que os ingleses quisessem fazer um acordo de paz com ele. Entretanto, a única conseqüência da evacuação foi deixar partir 338.000 homens das forças aliadas, prontas para lutar contra ele novamente num outro dia. Os ingleses foram capazes, assim, de repelir a subseqüente ameaça de invasão, o que, no final das contas, contribuiu para a derrota da Alemanha.

Contudo, a Batalha da França ainda não estava acabada. As forças francesas tinham sido severamente diminuídas, enquanto os alemães, por seu lado, haviam trazido reforços e reposições. Sem mais que uma pausa para retomar fôlego, desencadearam uma ofensiva contra a frente francesa, ao longo do Somme e do Aisne. A resistência inicial foi feroz, mas após dois dias as divisões Panzer de Hoth atravessaram a linha de fogo perto de Rouen, e a defesa ruiu por terra. A 14 de junho de 1940, apenas 10 dias depois que a última remessa de soldados havia deixado Dunquerque, e apenas 9 dias depois de ter começado a nova ofensiva, as tropas alemães entravam em Paris. O governo francês havia partido para Tours a 9 de junho, forças alemães estavam aprofundando-se cada vez mais em território da França, fragmentando o Exército francês em pequenas unidades, e a situação parecia sem esperanças. A 25 de junho, o Marechal Pétain assinava um armistício com Hitler no mesmo vagão ferroviário que testemunhara a assinatura do armistício de 1918 pela Alemanha.

Os fatos até aqui, culminando no repentino colapso da resistência francesa, haviam provado conclusivamente a eficácia da tática Blitzkrieg. Com forças móveis relativamente pequenas, e com apenas tanques leves e médios, Hitler havia, num espaço de tempo muito curto, tomado posse, ou colocado sob controle, a maior parte da Europa ocidental. Cada vez que se movia, fazia-o rapidamente demais para seus oponentes - na Noruega, Dinamarca, Holanda e Bélgica -, enquanto um brilhante desempenho pôs a França e a Inglaterra de joelhos com uma velocidade que nem ele próprio havia esperado. Para a Inglaterra, que agora devia lutar sozinha, as perspectivas eram negras.

24/10/2008

Começa a Luta

Nas circunstâncias, as exigências de Hitler na Polônia até que foram modestas: tudo o que reclamava, dizia, era a devolução do porto alemão de Dantzig e livre acesso a ele e à Prússia Oriental através da Polônia, o Corredor Polonês. A Polônia não estava inclinada a ceder, e vendo que a Inglaterra reagira violentamente à ocupação da Checoslováquia, Hitler não fez muita pressão no inicio. Afinal de contas, a Inglaterra havia duplicado seu efetivo bélico e dera à Polônia uma garantia absoluta de proteção. Mas percebeu que a garantia não valia nada sem o apoio russo de leste, e, percebendo que os ingleses iam se apressar a solicitar esse apoio, tratou de trazer a Rússia para o seu lado. Os russos tinham sido evitados pelos ingleses quando ofereceram, anteriormente, uma aliança, e não estavam relutantes, depois de superada a desconfiança inicial, em fazer um acordo com Hitler, particularmente quando este lhes prometia uma oportunidade de recuperar o território polonês que havia perdido em 1918.Assinado o pacto Molotov-Ribbentrop, o caminho de Hitler estava livre, e em 1° de setembro de 1939 forças alemães cruzavam a fronteira polonesa. Seguiu-se a primeira demonstração da eficácia da tática móvel combinando forças blindadas e aéreas. Os poloneses concentraram seus exércitos bem à frente, perto da fronteira, e suas reservas ficaram escassamente espalhadas. Assim, quando as colunas blindadas de Hitler, apoiadas pela luftwaffe, atravessaram as fortificações da Polônia, as tropas polonesas, marchando a pé, foram incapazes de retroceder com rapidez suficiente para se reagruparem. Num hábil movimento de pinças, Bock e Von Rundstedt, do norte e do sul respectivamente, lançaram seus homens em direção a Varsóvia. Em 17 de setembro tropas russas cruzaram a fronteira oriental e, apesar da valente resistência, Varsóvia caiu a 28 de setembro.A oeste, ingleses e franceses haviam conseguido pouca coisa, parte por causa da lentidão da mobilização, parte por causa de idéias táticas ultrapassadas. A leste a Polônia caiu porque seu Exército, ainda confiando em maciças cargas de cavalaria, era um anacronismo, posto em total desorientação pela implacável investida das forças compactas e altamente móveis de Hitler.A Alemanha e a Rússia dividiram a Polônia entre si, e a Rússia foi além, fazendo consideráveis exigências territoriais à Finlândia, contra o que os finlandeses se opuseram. Seguiu-se uma guerra onde os finlandeses lutaram dura e amargamente, mas que em março de 1940 já era uma questão decidida.O colapso da Polônia foi seguido pelo que se tornou conhecido como “guerra disfarçada” que durou até a primavera de 1940. Durante esses meses, os líderes aliados consideraram plano ofensivo após plano ofensivo - sem chegar a conclusão alguma -, enquanto Hitler, depois de ter a sua oferta de paz aos Aliados rejeitada em outubro, desenvolveu seus planos para uma ofensiva impetuosa e decisiva contra a França. Quanto mais cedo desencadeasse sua ofensiva, menos preparados estariam os franceses para lhe fazer frente, e depois de derrotada a França, ele tinha certeza de que a Inglaterra negociaria a paz. Entretanto, o tempo, seus generais e as condições climáticas estavam contra ele, e mesmo quando finalmente fixou a data de 17 de janeiro para início da ofensiva, um extraordinário incidente liquidou seus planos. Um oficial alemão, voando de Munster para Bonn, perdeu a rota e aterrissou na Bélgica. Foi preso, e com ele seus captores encontraram o plano operacional completo da Alemanha para o ataque ao oeste. Quando o novo plano, o Plano Manstein foi posto em prática, trouxe poucas surpresas desastrosas para os Aliados.Nesse meio tempo, e para consternação de seus adversários, Hitler investiu ao norte, repentinamente, atacando a Noruega e a Dinamarca. A 9 de abril de 1940, forças alemães desembarcaram em vários portos ao longo da costa norueguesa e também invadiram a Dinamarca. No fim do mesmo dia, haviam tomado Oslo e os portos principais de Trondheim, Bergen e Narvik, enquanto a Dinamarca agüentou apenas 24 horas. Como é que esses dois países se encaixavam no esquema de Hitler? A maior parte do minério de ferro para o esforço alemão de produção de guerra vinha do norte da Suécia, através de Narvik e Hitler quis salvaguardar a passagem marítima da Noruega, temendo que a Inglaterra ocupasse esse país, usando a Dinamarca como valioso fornecedor de provisões.Quando Hitler atacou, a Inglaterra foi em auxílio da Noruega, desembarcando tropas perto de Narvik e Trondheim. Mas chegaram tarde demais, pois os alemães, nessa altura, já haviam estabelecido uma posição forte o bastante para serem capazes de derrotar seus atacantes, auxiliados por uma esmagadora superioridade aérea. Para os ingleses, o afundamento de uma flotilha de destróieres alemães em duas manobras no fiorde de Narvik - uma das quais envolvendo o navio de guerra Warspite - não foi mais que pequeno consolo para a completa derrota na campanha norueguesa. Para Hitler isso significou a certeza de fornecimento de minério de ferro e uma base para ataques aéreos à Inglaterra e, mais tarde, aos comboios com destino à Rússia. Mais uma vez as forças alemães se haviam movido rápido demais para seus oponentes.

23/10/2008

Prelúdio da Guerra



A assinatura do tratado de paz no final da Primeira Guerra Mundial deixou a Alemanha humilhada e despojada de suas possessões. Perdeu seus territórios ultramarinos e, na Europa, a Alsácia-Lorena e a Prússia Oriental. Os exércitos aliados ocuparam a região do Reno, limitaram rigorosamente o tamanho do Exército e da Marinha alemães, e o seu país foi obrigado a pagar indenizações pela Primeira Guerra Mundial que logo provocaram o colapso de sua moeda e causaram desemprego em massa.

Assim, foi numa Alemanha envenenada pelo descontentamento que Adolf Hitler ergueu a voz pela primeira vez. Apelando para a convicção do povo alemão de que tinham sido brutalmente oprimidos pelos vencedores da guerra, logo conseguiu uma larga audiência. Falava de grandeza nacional e da superioridade racial nórdica, denunciava judeus e comunistas como aqueles que haviam apunhalado a Alemanha pelas costas e levado o país à derrota, e por meio de um programa intensivo de propaganda criou o Partido Nacional-Socialista, que em 1932 tinha 230 lugares no Parlamento alemão e cerca de 13 milhões de adeptos. Depois da morte do Presidente Hindenburg, em 1934, o poder de Hitler tornou-se absoluto. No verão de 1934, eliminou implacavelmente os rivais e, desprezando a regra de lei, estabeleceu um regime totalitário.

Em seguida deu inicio a um programa de rearmamento, em contravenção ao Tratado de Versalhes, mas sem ser impedido pelos demais signatários, e no começo de 1936 já estava confiante o bastante para enviar tropas alemães para reocupar a região do Reno. Mais uma vez os Aliados não fizeram nenhuma tentativa para detê-lo, e a operação foi bem sucedida. Mais tarde, no mesmo ano, ele e seu aliado italiano fascista Benito Mussolini enviaram auxílio a Franco na Guerra Civil Espanhola e assinaram um pacto unindo-os no Eixo Berlim-Roma.

A preocupação primária de Hitler durante esse período foi com a necessidade alemã de Lebensraum, ou seja, espaço vital. Se o país devia passar de nação de segunda categoria para primeira potência mundial, necessitava de espaço para se expandir, e se precisava comportar uma população em rápido crescimento e exigindo prosperidade, necessitava de terras para cultivo e matérias-primas para energia e indústria.

Começou olhando na direção da Áustria, que já possuía um forte movimento nazista, mas cujo chanceler estava ansioso por conservá-la como nação independente. Os exércitos de Hitler avançaram assim mesmo e, em 1938, entraram em Viena, sem encontrar oposição. Hitler tivera êxito pela combinação de uma diplomacia de força e um hábil desenvolvimento de sua máquina de propaganda.

A Checoslováquia seria a próxima vítima. A região fronteiriça, conhecida como Sudetos, tinha uma população alemã que se sentia excessivamente discriminada tanto pelos tchecos quanto pelos eslovacos. A região era rica em recursos minerais, tinha um grande exército, e ostentava fábricas de equipamento bélico Skoda. Incitando o descontentamento da população germânica, Hitler foi capaz de fomentar a agitação na Checoslováquia, que levou a um confronto armado na fronteira. Nessa altura, o primeiro-ministro britânico, Neville Chamberlain, representando os defensores da Checoslováquia - Inglaterra, França e Rússia -, foi à Alemanha acalmar Hitler. O resultado de uma série de reuniões foi que, a menos que os Sudetos fossem anexados à Alemanha, Hitler começaria uma guerra; mas se suas reivindicações territoriais na Checoslováquia fossem atendidas, não faria reivindicações posteriores no resto da Europa. A França e a Inglaterra concordaram - apesar de suas promessas de proteger a Checoslováquia -, e Hitler, quebrando também a sua promessa, mais tarde invadiu a Checoslováquia inteira. Considerou que a Inglaterra não estaria preparada para lutar por aquele país, e que a França não ia querer lutar sozinha - e estava certo; mas na vez seguinte, quando invadiu a Polônia, elas declararam guerra.

Como a história provaria mais tarde, a declaração veio com excesso de atraso. As vacilações das potências ocidentais haviam permitido que Hitler alcançasse uma força armada e uma posição na Europa, cujo desalojamento levaria seis anos de carnificina.

Quem sou

crato, ceara, Brazil